(c/c: Sua Exa. o Sr. Presidente da
República,
Exmo. Sr. Procurador Geral da República,
Exmo. Sr. Presidente da C. M. Lisboa,
Exmo.
Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados
Nas escavações das obras da CRIL junto ao
Aqueduto das Águas Livres
é descoberta galeria de valor Patrimonial.
Governo esconde dos Cidadãos e do técnico
do IGESPAR
as verdadeiras características desta descoberta.
Relato dos acontecimentos.
Início mês de Junho
Chega-nos informações de que no decorrer
das obras da CRIL, quando estavam a ser feitas
escavações junto à parede do Aqueduto das
Águas Livres na zona da Buraca, é descoberta
uma Galeria "pegada" ao Aqueduto,
com cerca de 50 metros, até à data desconhecida.
Esta galeria situa-se a uma cota mais baixa
que o Aqueduto das Águas Livres.
A máquina escavadora abriu um buraco sensívelmente
a meio desta galeria, tendo ficado uma abertura
para cada um dos lados.
23 de Junho de 2008
É nos fornecida informação relativa à Galeria,
que nos permite perceber tratar-se de um
elemento com valor Patrimonial e com aspectos
merecedores de averiguação em termos arquéológicos
e mesmo do ponto de vista histórico.
Descrição da Galeria:
Tem perto de 1.90m de altura e 60cm de largura,
termina do lado poente numa parede vermelha
aparentemente de lama vulcânica, e do lado
nascente numa parede antiga (confirmada essa
antiguidade pela formação química calcária
que a recobre) onde na parte inferior existe
uma estrutura hidrálica em pedra com perto
de 50cm quadrados, em actividade, onde é
captada água através de fissuras.
24 de Junho de 2008
Na sequência destes dados e de várias informações
que chegaram à Comissão de Moradores do eventual
aparecimento de estruturas de valor Patrimonial
que podiam estar a ser negligenciadas, enviámos
cartas à C. M. de Lisboa; C. M. da Amadora,
Igespar e EP, no sentido de fazerem um fiscalização
da obra.
Na carta dirigida ao EP, solicitámos uma
reunião e um visita à obra de forma a podermos
verificar como estava a ser preservado o
Património Arqueológico presente no local.
10 de Julho de 2008 - Reunião no estaleiro
da obra
Nesta reunião estiveram presentes:
Dr. Carlos Ramos - responsável do EP da área
da Arqueologia
Arqueóloga Suzana Santos - responsável pela
fiscalização na área da Arqueologia
Dr. José Correia - IGESPAR - comissão acompanhamento
da obra.
Engº Pedro Carmona - EP - coordenador da
empreitada da CRIL
- grupo de Arqueólogos...
- Comissão de moradores, acompanhada com
a presença do Arquitecto Filipe Lopes da
ORPRUB.
Nesta reunião, por razões óbvias, não revelámos
o conhecimento que tinhamos relativamente
à Galeria que tinha sido descoberta e às
características da mesma.
Questionámos os vários responsáveis presentes
na reunião, o que estava a ser feito em relação
à preservação do Património, e se tinha sido
entretanto encontrado algo de novo.
Em resposta às nossas questões, foi-nos transmitido
pelo Dr. Carlos Ramos e pela Arqueóloga Suzana
Santos que tinham efectivamente, na altura
das escavações, encontrado uma galeria pegada
ao Aqueduto das Águas Livres que desconheciam,
mas que não tinha grande valor Patrimonial,
tratando-se de uma estrutura sem qualquer
ligação ao Aqueduto das Águas Livres e sem
qualquer actividade.
A descrição que nos fizeram desta estrutura
foi a seguinte:
Uma galeria com cerca de 50 metros, em que
do lado poente termina numa parede de rocha
e do lado nascente numa parede selada presumívelmente
construída nos anos 60. Foi-nos referido
também que esta parede dava à Mãe de Água.
Na mesma reunião disseram-nos que podíamos
ficar descansados quanto à possibilidade
de existir naquela zona qualquer valor Patrimonial,
pois tinham acabado as sondagens precisamente
no dia anterior (9 de Julho), e nada fora
detectado.
A seguir à reunião fizemos uma visita ao
local, mas por "questões de segurança"
não nos foi permitido chegar perto da Galeria.
Após esta ocultação e descrição falsa das
características da Galeria, sem revelar o
que conhecíamos, fizemos um contacto telefónico
posteriormente (dia 16 de Julho) com o responsável
do EP, Dr. Carlos Ramos, que tinha ficado
de nos enviar algumas fotos da Galeria, e
que disse agora não era possível, talvez
dentro de duas semanas.
Dado o facto de não termos as ditas fotos,
e no sentido de fazermos uma comunicação
aos moradores a tranquilizá-los quanto à
preservação do Património, pedi ao Dr. Carlos
Ramos, para me fazer novamente uma descrição
da dita Galeria. A descrição que fez correspondeu
mais uma vez à que nos tinha sido dada na
reunião.
Perante a gravidade da situação, e o facto
de possívelmente o responsável do IGESPAR,
Dr. José Correia, também lhe estar a ser
ocultada / falseada informação, solicitámos
uma reunião no IGESPAR com este responsável,
que se efectuou hoje dia 17 de julho, no
sentido de despistar esta hiótese.
Nessa reunião, e antes de revelarmos as provas
que possuiamos, pedimos uma vez mais uma
descrição da Galeria. O Dr. José Correia,
fez a mesma descrição que tinha sido dada
na reunião de 10 de Julho.
De seguida, mostrámos as fotos das características
verdadeiras da Galeria que comprovam a ocultação
/ falsidade da descrição que nos foi dada
da Galeria.
O Dr. José Correia do IGESPAR, comprovou
desconhecer por completo as vesrdadeiras
características da Galeria, e mostrou-se
preocupado pelo facto de lhe estarem a ocultar
esta informação.
Não bastando o facto deste projecto violar
a Declaração de Impacte Ambiental, a obra
estar a avançar a toda a força no terreno
sem ainda existir projecto de execução aprovado,
agora, passa-se por cima do Património, e desrespeita-se
mais um Instituto do próprio Estado, o IGESPAR.