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Projecto de Urbanização Falagueira / Venda-Nova, é um mega projecto imobiliário que prevê a ocupação dos poucos terrenos livres do Concelho da Amadora, incluindo algumas áreas industriais (caso da Bombardier e outras) num total de mais de 1.500.000 metros quadrados de construção, o que corresponderá a mais de 11.000 fogos, trazendo para esta zona mais de 30.000 habitantes e provavelmente mais de 20.000 automóveis.
Neste projecto estão envolvidas mais de uma dezena de grandes empresas de construção.
Perante este negócio de milhões, onde “outros valores se levantam”, o Interesse Público, e todo o discurso político de boas intenções, por parte dos vários responsáveis políticos, deixou de ser prioridade, pondo em risco o Ambiente, o ordenamento do território, a qualidade de vida das populações, e um projecto de qualidade para o fecho da CRIL.
Não chegando esta falta de sentido de Serviço Público, ainda assistimos ao Estado a utilizar os dinheiros públicos em infra-estruturas para valorizar empreendimentos imobiliários. Exemplo disto mesmo é o projectado Nó da Damaia no traçado da CRIL. Outro exemplo flagrante, é a recente estação de metro da Falagueira, que se encontra neste momento no meio de um descampado (junto aos terrenos da Quinta do Estado), e como tal não serve de forma eficaz a população existente. Mas, se olharmos para o plano de urbanização Falagueira / Venda-Nova, verificamos que esta estação de metro vai ficar mesmo no centro desta futura mega urbanização, valorizando todos os terrenos envolventes. Os promotores imobiliários agradecem!
Se recordarmos do negócio que o então Primeiro Ministro Dr. Durão Barroso fez, quando vendeu a Quinta do Estado (60 hectares) ao empresário Vasco Pereira Coutinho por cerca de 10 milhões de contos, e se tivermos em conta que a estação de metro da Falagueira custou ao Estado muito próximo deste valor, dá para imaginar o “belo” negócio feito por este empresário.
Para além deste projecto de urbanização, não permitir um projecto de qualidade para o fecho da CRIL, atenta também contra o desenvolvimento sustentado da Área Metropolitana de Lisboa, contrariando de forma grosseira todo o discurso de intenções dos responsáveis pelo Ambiente, Urbanismo, e desenvolvimento sustentável.
Questionamos:
- Será que estes poucos terrenos livres que restam não deveriam ser utilizados para benefício da população existente, respeitando o Ambiente?
- Será que avaliaram os impactes negativos para a população existente ao trazerem para esta área mais de trinta mil residentes e respectivos automóveis?
- Será que já pensaram nos riscos de cheias para as zonas baixas envolventes, Damaia, Santa Cruz, Venda-Nova, Alfornelos.., ao impermeabilizarem uma extensa zona natural de captação das chuvas?
- Será que a Área Metropolitana de Lisboa necessita de tantos mais fogos, quando neste momento existem centenas de milhares de fogos devolutos?
- Será que estar a destruir a pouca indústria que temos (exemplo da Bombardier / Sorefame), para nos seus terrenos construir um empreendimento imobiliário, é boa política?
Em resumo: não é transformando o Interesse Público num “joguete” e investindo de forma errada os dinheiros públicos, que construímos um futuro melhor para as gerações vindouras e consolidamos a nossa Democracia.
Sociedade - Amadora Edição 1607 - 2005-05-05
Mais de dez mil fogos na Falagueira e Venda
Nova
Negócio dá «quase dois mil milhões de euros»
a grupo privado
O Estudo de Urbanização para a Área da Falgueira-Venda
Nova prevê a construção de 10.539 fogos (valor
máximo de referência) para acolher 27.400
habitantes na Quinta do Estado e zonas envolventes.
Número superior ao total de habitantes das
freguesias da Falagueira e Venda Nova (25.770).
A operação envolve um consórcio entre o Estado
e uma empresa privada, a Câmara Municipal
da Amadora e outros 13 proprietários. Mas
o negócio de venda dos terrenos urbanizados
pode dar à empresa privada «quase dois mil
milhões de euros de lucro», quando investiu
apenas dois milhões.
A Quinta do Estado (com cerca de 60 hetcares)
foi vendida por ajuste directo, depois de
submetida por duas vezes a hasta pública
deserta, a um consórcio formado pelas empresas
Sagestamo-Consest (ambas detidas pela sociedade
anónima de capitais públicos Parpública)
e pelas empresas privadas Temple-Cottees
(ambas detidas pelo empresário Vasco Pereira
Coutinho). O imóvel foi vendido por 52,5
milhões de euros em Janeiro de 2003 pelo
Governo de Durão Barroso com o argumento
de que as receitas se destinavam a cobrir
o défice orçamental.
Os termos do contrato celebrado na altura
conduziam a prestações que eram «altamente
favoráveis» ao grupo privado. Competia-lhe
coordenar e orientar a elaboração de estudos,
projectos e pedidos de licença necessários
para a implantação e construção de empreendimentos
e promover as actividades necessárias à sua
comercialização.
De acordo com os termos do contrato, citados
em requerimento apresentado pelo grupo parlamentar
do PS, em 22 de Janeiro de 2003, o lucro
deste negócio teria a seguinte distribuição:
«Uma percentagem de 82,7 por cento para o
privado e de 17,3 por cento para a entidade
estatal! Só acima dum índice de ocupação
de 0,72 por cento é que a parte do promotor
passa a ser igual à do Estado». A área edificada
constante do Plano Director Municipal (PDM)
é inferior a 0,40, prevendo-se que com a
sua revisão o índice de construção aumente.
Um negócio, que segundo o presidente da Junta
de Freguesia de Benfica, Fernando Saraiva,
vai permitir ao empresário Vasco Pereira
Coutinho «arrecadar quase dois mil milhões
de euros com a venda do metro quadrado a
1.500 euros. É um autêntico achado para quem
investiu apenas dois milhões de euros na
aquisição do terreno». As declarações do
autarca foram proferidas durante uma conferência
de imprensa sobre a CRIL (ver texto da página
13).
O estudo elaborado pelo gabinete de arquitectos
Bruno Soares, em Novembro de 2004, a que
o Notícias da Amadora teve acesso, abrange
uma área total de 1.580.795,50 metros quadrados
que ultrapassa os limites da Quinta do Estado
e foi encomendado pela Câmara Municipal da
Amadora, tendo em consideração as novas condições
para o desenvolvimento da área, nomeadamente,
no que respeita à venda da Quinta do Estado,
à entrada em funcionamento da estação do
Metro, ao estudo dos traçados para a CRIL
e à deslocação da Bombardier.
É importante não confundir o Nó da Damaia
com a CRIL.
A CRIL é uma obra de extrema importância
para a Área Metropolitana de Lisboa, e como
tal é do Interesse Público.
O Nó da Damaia surge no traçado da CRIL por
imposição da C. M. da Amadora, com o objectivo
de articular / valorizar uma futura mega-urbanização
(Projecto Falagueira / Venda-Nova),
e como tal é do interesse privado.
Querem todos aqueles, que estão de uma forma
ou de outra "ligados", aos interesses
imobiliários (Projecto Falagueira /
Venda-Nova) promovidos pelo executivo da
C. M. da Amadora.
Este mega-projecto, é suposto desenvolver-se
à volta de uma grande avenida (eixo
terciário), com 1,5Km de comprimento e 50m
de largura. Os promotores deste projecto
pretendem ligar esta via estruturante
à CRIL, através do Nó da Damaia, valorizando desta
forma todos os terrenos onde se irá construir,
nomeadamente, onde actualmente se encontra
a Edifer, a Bombardier, a Quinta do Estado,
entre outros.
Isto mesmo, é referido no relatório da C.
M. da Amadora, que acompanha este projecto
imobiliário, onde se pode ler:
na pág. 17:
"(...)factores críticos de sucesso desta
operação:"...a concretização dos nós
da CRIL, nos termos propostos pela CMA é
decisiva para integrar adequadamente a área
Falagueira / Venda-Nova.(...)"
na pág. 20:
"(...)eixo terciário...esta avenida
será um dos elementos marcantes da estruturação
do espaço e será de um e outro lado que se
localizarão edíficios para escritórios e
serviços públicos, o eixo, atravessará toda
a área de intervenção com um extremo na zona
industrial, com ligação ao nó da CRIL,(...)"
No próprio estudo do Governo (Coba)
que acompanha este projecto, pode-se ler
o seguinte:
na pág. 50:
"Também no sentido de dar respostas
a pretensões expressas pelas autarquias sobre
a articulação da CRIL à Damaia, estabeleceram-se
contactos com a Câmara Municipal da Amadora
que definiu como fundamental ligar o Nó a
uma nova avenida estruturante a construir
no futuro,..."
Porque a introdução deste Nó no traçado da
CRIL vai contra as recomendações técnicas
(portuguesas e europeias) para este tipo
de vias. Aconselha-se que para este tipo
de vias, com características de auto-estrada,
e elevado fluxo de trânsito, que:
- os nós estejam distanciados pelo menos
2 a 3 Km, e que liguem a vias de igual
nível - radiais (vias com capacidade de entrada
e saída, como o Nó da Buraca e da Pontinha).
O Nó da Damaia contraria estas recomendações,
pelo facto de estar muito próximo de outro
Nó (a menos de 900 metros do Nó da Buraca),
e por ir ligar a ruas de bairro, que não
tem capacidade de entrada e saída desejável.
A confirmar tudo isto, estão as declarações
de alguns técnicos e políticos (veja várias declarações públicas).
O Nó da Damaia trará para toda a zona de Santa Cruz de Benfica e da Damaia um acréscimo de veículos ligeiros e pesados com os inevitáveis impactes: